Mensagem do dia Internacional do Livro Infantil
Mensagem divulgada em Portugal, pela Associação Portuguesa para a promoção do livro
Infantil e Juvenil
Um livro espera-te, procura-o
Era uma vez
um barquinho pequenino,
que não sabia,
não podia navegar.
Passaram uma, duas, três, quatro, cinco, seis semanas
e aquele barquinho,
aquele barquinho navegou.
Antes de se aprender a ler, aprende-se a brincar.E a cantar. Eu e as crianças de minha terra entoávamos esta canção quando ainda nenhum nós, sabia ler. Nós juntavam-nos na rua fazendo uma roda e, a despique com as vozes dos grilos no verão, nós cantamos uma e outra vez, a impotência do barquito que não sabia navegar
Às vezes nós construíamos barquitos do papel e íamos pô-los a navegar e os barquitos afundavam-se sem alcançar a costa.
(…)Atrás das caixas, num armário de minha casa, também havia um livro muito pequeno que não podia navegar porque ninguém o tinha lido. Quantas vezes eu passei ao seu lado sem dar pela sua existência. O barco do papel, encalhado na lama; o livro solitário, escondido na prateleira atrás as caixas de cartão.
Um dia, minha mão, à procura de algo, tocou na lombada do livro. Se eu fosse um livro, eu contava assim: “Um dia a mão de um menino roçou minha capa e eu senti que as minhas velas se desdobravam e eu começava a navegar”.
Que surpresa quando finalmente meus olhos tiveram na frente, aquele objecto ! Era um pequeno livro de capas vermelhas e de filigramas dourados. Eu abri-o expectante, como quem encontra um cofre, ansioso para saber seu conteúdo. E não era para menos. Mal comecei a ler compreendi que a aventura estava à minha espera: a valentia do protagonista, os personagens amáveis, os malvados, as ilustrações ( …) tudo me transportou a um mundo apaixonado e desconhecido.
Dessa maneira, eu descobri que além de minha casa havia um rio, e que depois do rio havia um mar, e que no mar , à espera de partir, havia um barco.O Primeiro em que embarquei chamou-se O Hispaniola, mas teria sido igual, se se chamasse Nautilus, Rocinante, o navio de Simbad, a jangada de Huckleberry,….todos eles, por mais que o tempo passe, estão à espera, que olhos de um menino, desamarrem suas velas e os façam zarpar.
Assim… não esperes mais, estende a tua mão, pega num livro, abre-o, lê: descobrirás como na canção de minha infância, que não há nenhum barco, por pequeno que seja, que em pouco tempo não aprenda a navegar.
Eliacer Cansino
professor de Filosofia e escritor de origem sevilhana
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