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domingo, 28 de outubro de 2012
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Os contos de Fadas…
A importância dos Contos de Fadas no imaginário das crianças
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Gostava de partilhar convosco, as razões que me levam a perpetuar os Contos de Fadas entre as nossas crianças, e a adaptar a nossa História de Portugal à linguagem e estrutura desses mesmos contos de fadas.
Os Contos de Fadas são cruciais para a formação emocional da criança, pois ajudam -nas a encontrar soluções para os conflitos que elas vivem no dia-a-dia. Uma criança ao ouvir um conto clássico está a ouvir não só os seus conflitos, mas os de todos os seres humanos. Com estas histórias, a criança pode identificar-se com o herói e ganhar forças para lutar. Além, de que se apercebe, que apesar de haver obstáculos e problemas na vida, vale sempre a pena lutar, pois no final emergirá a vitória do bem sobre o mal.
A estrutura dos contos de fadas oferece ainda às crianças, a possibilidade de perceberem que nós nem sempre conseguimos ser bons, às vezes somos como feras. Por isso, mesmo, as bruxas, os monstros, e outros seres fantásticos permitem à criança exorcizar o seu medo ser má.
Muitas vezes, quando as crianças nos pedem vezes sem conta, para voltar a ler aquele conto, é porque aquela determinada história está a atuar no seu inconsciente e está a ajudá-la a resolver um problema, que ela não conseguiu identificar ou mesmo explicar aos adultos. Jung descobriu nestes contos, os arquétipos, que são uma forma de pensamento ou de comportamento, que são as mesmas para qualquer indivíduo, em qualquer época e qualquer lugar. Sendo resultado de uma experiência que foi repetida durante muitas e muitas gerações, os arquétipos estão carregados de uma forte emoção, a que Jung chama de "energia". “Essa energia tem o poder de interferir no comportamento das pessoas e do coletivo”.
Outra grande vantagem destas histórias, é o uso da linguagem simbólica que as crianças tão bem percebem, e que por não ser demasiado explícita, permite-lhes compreender e resolver muitos dos seus anseios. Muitas vezes, nós adultos tentamos oferecer à criança resoluções para os seus problemas ou tentamos explicar-lhes o porquê de certas situações, mas a nossa linguagem adulta não se coaduna com o seu sistema, não lhes toca no seu coração, nem no seu modo de ler o mundo.
Quais os elementos que estruturam um Conto de Fadas?
- Situação Inicial
- Conflito;
- Antagonismos ou elementos do malévolo;
- Herói /heroína;
- Objeto Mágico;
- O Motivo;
- Resolução dos conflitos / Final.
Estes contos assumem ainda uma outra grande importância por serem atemporais:
- Era uma vez...
- Num Reino Encantado…
- Há muitos, muitos anos...
- Num lugar distante...
Permitem a criança a perceber a existência de uma tipologia que não é sua, ela é inteiramente pertencente a um mundo imaginário. Desta forma, sem se exporem aos outros, estão a rever-se nas várias personagens, nas diversas situações, e imaginando, a criança pode brincar com os temas da sua realidade psíquica, por vezes difícil, como o amor, a morte, o medo, a separação e o abandono.Com a abertura para este mundo do imaginário, a criança está a criar ferramentas para enfrentar o mundo real.
Segundo Bruno Bettelheim-“ os contos servem como alívio de todas as pressões e não só oferece formas de resolver os problemas, mas promete uma solução feliz. Também possibilita a criança viver papéis de todas as matizes: ora é herói, ora é bandido; ora é um príncipe, ora é um monstro… assim vai experimentando e optando por aquele que mais se identifica e vivendo emoções na pele de todos os personagens. “
Por muitas razões… Leiam aos vossos filhos muitos contos de fadas e como dizia Einstein:
“Se você quer que seu filho seja brilhante, conte a ele Conto de fadas. Se você o quer muito brilhante, conte a ele ainda mais Contos de fadas.
Uma história para concluíres…
A fadinha delicada
Era uma vez…
Uma fada linda e delicada como porcelana da China
As roupas que vestia eram cosidas com fios de oiro e prata, vindos do interior de África.
Os seus cabelos eram penteados com pentes de marfim, vindos da Índia.
E os sapatinhos vermelhos, eram feitos de manteiga da Holanda.
Esta fada era tão delicada que quando o vento soprava forte..VUUU…VUUU…VUUU
dava cambalhotas e pinos sem parar.
Quando a fadinha decidia brincar na floresta, todos ficavam inquietos.
-Ai!.. Se o vento forte a leva!
-Ui!... Se os seus pés delicados pisam o chão!
Ih!.. Se o seu vestido se amarrota!
Era divertido a valer, ver como todo o reino das fadas mimava a fadinha delicada.
As papoilas esticavam-se para que os sapatinhos de manteiga não tocassem o chão.
O sol aproveitava para pôr a conversa em dia com o vento, não fosse ele lembrar-se de soprar.
As borboletas com as suas maozinhas de pó de perlimpimpim iam ajeitando o vestido, não
fosse ele ficar amarrotado.
Esta azáfama, só parava quando a fadinha, já de noite, bem escurinho, regressava a casa.
Nessa altura todos suspiravam...ufa, ufa , agora podemos descansar.
Mas, nessa noite, o sono não chegava e a cabecinha da fadinha não parava de pensar.
Foi, então, que abriu a janela e assobiou para a amiga lua… e chamou-a:
- Lua, lua preciso da tua ajuda.
A lua, grande e gorda desceu até à janela da fadinha.
- Ó lua… preciso que me ajudes, estou farta de ser apaparicada, quero ser uma fada como as outras, quero transportar o pó mágico para o reino dos homens, quero cuidar das flores, da floresta e dos animais.
- Eu percebo-te, mas tu és uma fada especial! O teu nascimento foi o acontecimento mais feliz e especial do nosso reino.
- Mas, porquê?
- Já sabes, que quando fizeres dezasseis anos, o segredo vai- te ser revelado.
Bruuuuuuuu… que seca!.. Ainda me faltam vinte e seis dias. Como vou aguentar?
- Não sejas mimada e caprichosa!- exclamou a lua.
Eu vou-te lançar um pouco mais de pó de paciência… mas é a última vez!
Entretanto chegou o grande dia… Todo o reino se encheu de brilhos e magia. As flores vestiram os seus melhores fatos, as árvores pentearam as suas folhas, as fadas e os duendes enfeitaram as suas asas com purpurinas de mil cores e até o sol, a lua e o vento se alinhavam no céu á espera do grande momento.
Estava tudo preparada para a receber… eis quando… o vento do norte que não tinha sido convidado, lançou um ar gelado e arrepiante sobre o reino das fadas.
- Ui… que arrepio, que ventania!... Quem ousa estragar esta festa?- exclamou a Rainha das fadas.
Caros amiguinhos fica à espera de sugestões para concluir a história…
Ser escritora…
-Porque se tornou escritora para crianças?
Nas minhas andanças de escritora, há uma pergunta que as crianças têm sempre uma enorme curiosidade em saber:
-Porque se tornou escritora para crianças?
Esta pergunta também eu fui fazendo para mim própria… sim porquê! O que despertou em mim esta vontade de escrever?
Eu imediatamente recuo para a minha infância, onde tive a sorte de crescer num seio de uma família, onde os livros e as histórias preenchiam o nosso dia- a- dia. Desde pequenita, que me recordo da minha mãe contar as histórias das tias e dos avós, dos bisavôs. Eram histórias verdadeiramente fantásticas, onde tesouros antigos, amores incompreendidos e lutas pela liberdade me eram desvendados nos serões em família. Aqueles momentos eram mágicos, e nós, as crianças escutávamos sem pestanejar e com a respiração suspensa, pois haviam histórias que eram mesmo de arrepiar. Outras, mais infantis, terminavam sempre com uma lengalenga “ Se os sapatinhos de manteiga não se derreterem pelo caminho”, as personagens das histórias viriam visitar-nos. Este final causava-me sempre, um misto de alegria e medo. Pois tanto imaginava a Branca de Neve a bater-me à porta, como o malvado Lobo mau! Foi este conjunto de sensações que me foram dando estrutura para gerir as emoções e crescer feliz e com uma enorme imaginação.
Depois das histórias infantis… fui iniciada nos clássicos, que me trouxeram bagagem e um conhecimento mais alargado do mundo. Foi nesta fase, da adolescência, que decidi que queria ser escritora. Num Natal, pedi aos meus pais uma máquina de escrever e anunciei à família que queria ser escritora. Escrevi uns poemas e umas histórias da minha vida, mas essa febre durou apenas um ou dois anos. Depois como costumo dizer, eu a as histórias voltámos as costas, andamos desavindas durante uns largos e largos, anos.
A vontade de escrever só regressou com o nascimento da minha primeira filha. Foi nesta altura, que despoletei as minhas memórias de infância, as leituras, os serões em famílias, as sensações criadas pelas histórias e o amor pelas palavras e pelos livros, que me tinha sido transmitido.
Desde, então a minha vontade de escrever e contar histórias nunca mais cessou.
Por isso, costumo dizer às crianças: leiam muitos livros, mas não se limitem a ler, saboreiem-nos, sintam-nos e questionem-nos. Quando se apaixonarem pelos livros, nunca mais vão quere parar de ler, e a magia das palavras fará parte da vossa vida para sempre.
Beijinhos de Algodão doce.