O Vale Encantado

 

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Estava a amanhecer...no Vale Encantado, a  azáfama era grande, os coelhos limpavam as tocas, os passaritos lavavam as caras no orvalho matinal, as raposas ajeitavam as suas caudas farfalhudas e os esquilos armazenavam as nozes nos buraquinhos das árvores.

Lá em cima, nas nuvens , aterrava uma cegonha muito, muito cansada.

- Ufa! Finalmente encontrei a morada certa para deixar a encomenda.

- Ora deixa-me ler bem! Vale Ecantado – Rua das Cenouras, nº 6.

A cegonha abriu as suas longas asas e desceu a grande velocidade para o vale. Olhou com atenção e procurou a morada que vinha na encomenda.

Não havia nome nas ruas, mas também não foi preciso, porque assim,que avistou um grande cenoural , a cegonha riu de satisfação.

Pousou lentamente, baixando as asas, procurou a casa com o número seis e ia pensando “mais uma missão cumprida”.

Bateu à porta…TOC , TOC, TOC, pousou o cesto e voou para o céu.

Dentro da casa ouviram-se uns guinchinhos histéricos:

- Maee! chegou o novo mano, nós vimos a cegonha pela janela.

A mãe coelhinha abriu a porta e recolheu o cesto, como sempre fazia.

Levantou o cobertor, espreitou , arregalou os olhos de espanto e disse para os filhos:

- Desta vez a senhora cegonha trouxe um mano bem diferente!

-   Diferente,como? – perguntaram os coelhinhos.

Venham ver e olhem com os vossos próprios olhos.

No entretanto, por debaixo do cobertor já se via uma patinha.

- Mãe , este bebé não tem patinha de coelho!

Depois começaram a ver-se umas orelhitas.

-Mãe,o bebé não tem orelhitas de coelho!

E depois o narizito.

-Mãe,o bebé não tem narizito de coelho.

Até que uma cara e um corpo muito fofinhos saíram do cestinho.

- Mãe!.. que giro que ele é! Mas é um bocadinho diferente de nós?

- Vamos mostrar ao papá, ele vai adorar.

Caminharam até à cozinha, onde o pai preparava uma cheirosa sopa de cenoura.

- Paiiiiiiiii, anda ver o novo mano, olha bem como ele é giro !

O pai, olhou, voltou a olhar, arregalou os olhos e disse:

- Este nosso filho é mesmo diferente, mas é tão giro!..

Nessa noite, a família coelhinha foi cumprir o ritual lá do vale, apresentar o bebé ,à Rainha coruja.

A Rainha coruja já os esperava, no seu tronco real.

- Mostrem-me lá o vosso novo bebé, para eu o abençoar.

A mãe coelhinha levantou o cobertor e a Rainha Coruja  olhou, voltou a olhar e arregalou os olhos.

- Que bebé giro, mas ele não é um coelhinho!

- Nós sabemos, mas ele é nosso filho na mesma, e é tão giro!..

- Só há um pequenito problema é que este bebé vai ficar grande, enorme!- disse a Coruja

- Enorme! Como?

A coruja, cheia de sabedoria disse:

-Vai ficar do tamanho de seis raposas.

-Como! Mas quem é este bebé?

A coruja ajeitou os óculos e disse:

- Este bebé chama-se Leão. Ele é tão grandioso, que é  chamado, o  Rei da Selva.

Os coelhinhos olharam uns para os outros aflitos e perguntaram à coruja:

Com iremos tomar conta dele? E como o iremos alimentar? Onde o iremos deitar?

- Calma, vocês vão tratar dele como se fosse um coelhinho, vão lhe dar cenouras e ervinhas e por enquanto deitem-no berço dos coelhos.Daqui a um mês voltaremos a conversar para ver como está tudo a correr.

Um mês depois … o Leãozinho estava enorme, a família coelhinha já não conseguia passar despercebida na rua e todos os animais do vale, queriam saber quem era aquele animal estranho.

A Rainha Coruja, teve de fazer uma reunião com todos os animais e explicar-lhes quem era este novo animal.

- Animais do bosque, este filhote, chama-se Leão e habitualmente mora na selva, mas a senhora cegonha trocou a encomenda, agora ele viverá entre nós!

- Mas ele é perigoso?

Os animais começaram a agitar-se:

- E se ele nos fizer mal e assustar os nossos filhos!

- Nós não queremos cá este estranho…

-Vamos expulsá-lo,  não merece estar aqui!

A Rainha percebeu que tinha que fazer alguma coisa e falou:

-Para a segurança de todos o Leão irá ficar na prisão do vale,daqui a uma semana voltaremos a reunir para nova decisão.

A família coelhinha chorava, o Leão tinha o coração despedaçado e pequenino, mas os animais do vale achavam que tinham tomada a decisão mais justa para a sua segurança.

Até ao dia … em que uma alcateia de lobos uivava Auu… Auuu,  correndo pelo vale assustando tudo e todos.

Os animais  aflitos , corriam em todas as direcções, fugindo da fúria dos lobos.

O Leão assistia a todo este desespero, por detrás das grades de madeira da prisão.

-Isto não podia continuar “pensou o Leão”, por isso abriu a sua enorme boca e soltou um rugido, tão forte e tão assustador  que os lobos se encolheram de susto.

Depois soltou mais um rugido, e outro Grauuu… Grauuuuuuuuuuuuu…Grauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

De lobos nunca mais se ouviu falar no vale encantado… pois, porque um vale de um bosque, que tem como Rei, um leão, não deve haver  no mundo inteiro.

Podem achar que esta história não é verdadeira, mas se forem falar com os leões da selva, não há um único que não conheça  esta história, ela faz parte do Maravilhoso Livro das Histórias dos Leões.

escrito e criado por

Vanda Furtado Marques

 

 

 

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Comentários

Bernardo, Inês Rodrigues e Susana disse…
Este texto é muito inspirante para nós porque não devemos julgar as pessoas ou os animais pelo seu tamanho mas sim pela a sua personalidade.
ourlovevan disse…
Olá Vanda!Já deve ter sentido que sou fã destas suas pequenas histórias. Ando muito atarefada para a festa Mágica onde uma das suas histórias vai brilhar.
Beijinhos e milsorrisoscoloridos

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