Era uma vez... num reino muito distante.

Os contos de Fadas são uma gigantesca herança cultural que vai passando de geração em geração.


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Na Idade Média não existia a infância, não se escrevia para as crianças, não havia livros para elas. Foi apenas durante a Idade Moderna, devido às mudanças na estrutura da sociedade e a ascensão da família burguesa, que surge o sentimento de infância, com isso varias mudanças se fazem necessárias sendo que as duas mais importantes são a reorganização da escola e a criação de um género literário especifico para as crianças, é em meio a todas estas transformações que nasce a literatura infantil.

Os primeiros livros infantis foram escritos no final do século XVII e durante todo o século XVIII. Foi também nesta época que surge na Europa um dos segmentos mais importantes e significativos da literatura infantil: Os contos de Fadas, foram os franceses que criaram o termo conte de fée que logo torna-se o fairy tale inglês.

Os contos de Fadas fazem parte da herança cultural de diversas nações e vem se perpetuando por gerações. Bruno Bettelheim, 1980, pág. 352 diz O conto de fadas faz com que a fantasia se torne verdade., sendo assim abrem as portas para o mundo imaginário que nos mostra a realidade dos conflitos, valores, questões universais da condição humana, os contos de fadas são fontes de extrema riqueza e por isso são estudados em diversas áreas como a psicanálise, a pedagogia, a antropologia, a psicologia, a sociologia, etc.

A literatura infantil e principalmente os contos de Fadas podem ser usados na saúde da criança, seja para ajudá-la com problemas psicológicos ou na educação, seja para apenas ensina-la a reconhecer o mundo em que esta inserida e com o qual divide seus ganhos e suas perda, seus valores morais e éticos ou simplesmente ensina-las o prazer de ler.
Fanny Abramovich diz em seu livro Literatura infantil, Gostosuras e bobices, 1994, pág. 98 que:

(…) Querer saber de todo o processo que acontece, do nascimento até a morte, faz parte da curiosidade natural da criança, pois se trata da vida em geral e da sua própria em particular…saber sobre seu corpo, sua sexualidade, seus problemas de crescimento, sua relação(fácil ou dificultosa) com os ouros faz parte do se perguntar sobre si mesma e do precisar encontrar respostas(…)querer saber mais sobre aflições, tristezas, dificuldades, conflitos, duvidas, sofrências, descobertas que outros enfrentam, para poder compreender melhor as suas próprias, faz parte das interrogações de qualquer ser humano em crescimento(…)

A aprendizagem da criança começa quando ela nasce e segue por toda sua vida, mas é nos primeiros anos que a personalidade e o carácter delas começam a serem moldados, é a partir dos 4 anos que elas começam a procurar entender o que esta acontecendo com elas e com o mundo a sua volta.
Bruno Bettelheim diz em seu livro A psicanálise dos contos de fadas, 1980, pág. 33 que:

"O conto de fadas é terapêutico porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a estória parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida. O conteúdo do conto escolhido usualmente não tem nada que ver com a vida exterior do paciente, mas muito a ver com seus problemas interiores, que parecem incompreensíveis (…)

O conto enquanto diverte a criança, esclarecem-na sobre si mesma e favorecem o desenvolvimento da sua personalidade. Por isso, um conto trabalha o aspecto afectivo, psicológico e cognitivo. Desta forma, seria interessante os contos estarem presentes na vida da criança desde a educação infantil, auxiliando-a na elaboração dos seus conflitos, auxiliando-os a estruturar uma resposta positiva, um final feliz a seus problemas, pois os contos de fadas, ao se iniciarem com seu clássico Era uma vez um reino distante… são tão atemporais. O reino do qual o conto fala pode ser qualquer um, em qualquer lugar e seus personagens têm determinadas características que despertam assim a identificação imediata da criança com o conto.

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